Introdução alimentar apartir dos 6 meses
Dra Kelly Oliveira é pediatra formada pela Universidade de São Paulo (USP)
A partir do 6º mês pode-se iniciar 2 refeições de fruta e 1 papa principal, conforme os horários da família. O termo “papa salgada” foi substituído por papa principal, pois não há necessidade de introduzir sal às refeições, o sal intrínseco nos alimentos é o suficiente
O método de introdução de alimentos vai depender da escolha de cada família, seja o tradicional na consistência de purê, com os alimentos amassados com o garfo, ou os alimentos dados de forma inteira, ou em pedaços em formato de haste, que caibam num punho fechado da criança (de forma que ela possa pegar), o chamado baby-led-weaning (em breve escreverei sobre esse assunto no blog!). Converse com seu pediatra sobre as opções e possíveis restrições.
Com 7 meses, pode-se acrescentar a 2ª papa principal, ficando 2 papas principais e 2 refeições de frutas.
Com 1 ano, a criança já participa plenamente das refeições da família, com 3 refeições principais e 2 refeições menores de fruta ou cereais.
A absorção de ferro do leite materno diminui de forma significativa com a introdução de novos alimentos, por isso deve-se comer carnes, vísceras ou miúdos 1 vez por semana pelo menos.
Para aumentar a absorção de ferro, deve-se ingerir alimentos ricos em vitamina C, junto ou logo após a refeição. Alimentos ricos em vitamina C:
A papa principal deve conter um alimento de cada grupo, podendo alternar os dias. Grupo de cereais ou tubérculos, grupo de legumes e verdura, grupo com alimentos de origem animal (carne, frango, ovo, miúdos ou peixe), e o grupo das leguminosas (feijão sopa, lentilhas). Veja a tabela abaixo com exemplos dos grupos de alimentos.
O ovo cozido pode ser introduzido aos 6 meses. A sua introdução tardia está relacionada com desenvolvimento de alergia. Se houver história familiar de alergia alimentar, converse com o pediatra antes para orientações.
Passo # 4 Oferecer alimentos sem rigidez de horários, respeitando a vontade da criança, procurando adaptá-las às refeições da família
Crianças amamentadas ao seio materno desenvolvem bem cedo o mecanismo de saciedade e de sensação de fome, pois com a amamentação sob livre demanda, o bebê determina os horários. Pela alta digestibilidade e absorção do leite materno, sabemos que crianças que mamam no peito têm mamadas mais frequentes e curtas, também limitadas pelo próprio tamanho do estômago do bebê.
Não conseguimos mensurar exatamente quanto que um bebê mama no peito, mas podemos dizer se está adequado através de medidas indiretas, como o ganho de peso adequado e quantidade de vezes que o bebê faz xixi ou cocô. Isso é o mais importante! Não devemos ficar presos a quantidades e medidas, mas sim ter um bom acompanhamento com o pediatra para saber se ele está crescendo e se desenvolvendo adequadamente.
Quando os alimentos começam a ser introduzidos, a criança também passa a fazer esse controle sobre os alimentos também (por isso é tão importante que sejam oferecidos alimentos saudáveis…).
Lembre-se que para a criança isso significa uma mudança radical, pois passa de uma dieta liquida, para mista, com texturas e sabores completamente diferentes!
A capacidade gástrica da criança é pequena (veja a foto que postei no Facebook!), e após os 6 meses é em torno de 20 a 30ml/kg. Por exemplo, uma criança com 7kg, tem uma capacidade gástrica em torno de 200ml, para cada refeição.
Os horários não são rígidos, mas a regularidade é importante, a criança deve sentir fome para que possa comer! Ficar beliscando durante as refeições, principalmente guloseimas, acaba com o apetite e a criança deixa de comer alimentos saudáveis para comer “besteirinhas”, além de criar um hábito difícil de ser tirado depois…
Não brigue com o seu filho para que ele coma tudo o que VOCÊ quer ou o obrigue a comer até o fim.
Evite dar prêmios ao seu filho para que ele coma, ou castigo caso não comer. Essa manipulação é prejudicial e o seu filho pode querer usar isso também para conseguir o que quer.
Observação: pode parecer um pouco contraditório não ter uma rigidez de horários, mas isso não significa que não exista a “hora de comer”. Assim como a criança avisa quando está com fome e quer mamar, podemos proceder da mesma forma com as refeições, mas com certa flexibilidade e respeitando o ritmo de aceitação da criança. Se encararmos essa fase com naturalidade, mais tranquila ela será!
O que os papais desconhecem e deveriam saber em relação à criança e sua demanda por alimentos:
Crianças tem personalidades diferentes e nem sempre o que funcionou com um funcionará com o outro. Isso vale pra tudo não é mesmo? Isso significa que apetites também variam e é preciso lidar as particularidades de cada uma, respeitando sua personalidade.
Os pais vão aprender com o tempo a diferenciar as sensações e incômodos do seu filho. Se é fome, sede, se está com a fralda suja, com calor ou frio, e ainda quando querem carinho e atenção. Conforme aprendemos isso, vai ficando mais fácil!
Criamos uma expectativa muito grande em relação a quantidade de alimento que a criança precisa comer…geralmente achamos que deveriam comer muito mais do que o necessário para ela. Isso pode gerar muita frustração e ansiedade. Por outro lado, essa oferta excessiva de alimentos (muitas vezes inadequados e não tão saudáveis) pode levar a um comportamento de risco para desenvolvimento de sobrepeso e até obesidade no futuro.
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